ONE OTHER PLACE
Between echoes of others creations, shape generative of shape, the resonance of tradition, vibrate with more intensity in the essence of artistic creation which dare the inedited. In the point of the historical view, the act creative, requires of itself, a compromise transitive, that isn’t necessarily obvious it’s profoundly evocative.
Every artistic creation is related with creation that precede it, of the same way that influence, in the production succeed. Whatever been by affinity, or inversely, appear by a beginning of rupture. With the dialogue that we establish with artistic creation, whatever in its creation, and in its experience while available object to the interpretation (the sensible knowledge of things) predominate a question reciprocal, between the object and the subject; this, project the constant revitalization of both.
The repercussion of this dimension aesthetic of the experience has an amplitude emergent, where we, under a dialectics motion implicit, we develop the capacity to reach and revive to that of the dominion tangible (an elevated sense of the real). The unknown, that is discovered, or that is revealed, becomes accessible by this new possibility, that the artistic creation show open us. It’s an empty expectant of being filled, and se incorporate un act of search and the consequent sensation of the meeting. Paradoxically, it’s equivalent a strange familiarity that all of artistic creations make an effect of surprise, of “apparition”, of enchantment. It’s like we know them there is long time ago, in that opening that is proportional, and submit us to a vertiginous experience of the discovered of another, one we/other.
That latent invisibility, in the effect of the art it is a glimmering like a disquiet to arouse interest, call remove and return to disquiet us, it’s to go backwards and forwards permanent and inexhaustible. The search unchain by remoteness, in a longitude more near us. If in the sculpture of Pedro Figueiredo we find a fantasy tendency, to the imaginary universe, or to the depuration to the figure while describe reduction of the form, whose internal articulation it’s established in the hyperbolic relation of elements; it’s because the reproduction of the real doesn’t the plastic direction of this artistic creation. This doesn’t orient by the beginning of similarity, uncompromised in full, of the attitude mimetic or condition of similitude (objective there’s long time abandoned by the art). Not even an rigor anatomical prevail in his formal search.
That knowledge and technical dominion it’s only a recourse, and not a rule or norm to fulfill. In this sense, the canon, if it there is, it is of the disproportion joust (the measure distorted), meticulously considerate from the compositive organization, that aims to establish concordance between the respective unbalance the masses. As constant, predominant a linear perceptible, just always in a position vertical ascendant, presents, sometimes, in an attractive force that convene for you the moving of the artistic creations, including those of tenor horizontal. The action of making, in the way that is to face as part integrant and visible of the course of the artistic creation (the process to conquest the form, the structural decisions and epidermal – It is the case of the incisive modeling, the expressive manipulation, the impression of the gesture, the constructive drawing, the materic valence, texture assumed, and the suspense definition), it’s a value plastic evident, that exposed in the register final of the artistic creations, reflect the dialogue between the sculpture and his author, and it’s continued us. It will be important to mention, that Pedro Figueiredo is a telluric sculptor, modeler, who reach the form by addition. His creative practice is based in a process of an expansive character.
Thinking from the empty, while excess irreversible, that the block give us, the subtraction of the matter or thinking the empty like a possibility flexible, it conditions in absolute, the orientation pendulous of the creative action. [To find the world joust, by its image (meaning/significant), or to find it from the sound which compose it (effect phonetic), it distinguish in a large measure, its cause and finality poetics]. Perhaps, by that, the dematerialization physics of the sculpture of Pedro Figueiredo dominate the will immanent of these artistic creations. Being it constituted as a force of agglomeration materic, that notion empirical relapse on its propensity aesthetics. His sculptures live in the impossibility of a space, without exact conscience exact one another. They are isolated in their peculiar existence, observed, sometimes, like shadows that they are, for in simultaneous, express an inherent tension. They contain, in that state, an emulative behavior, confined to a contemplation of a distance that belong them. It is possible to detect in them, the own conflict, in which we find, an intern deployment that put them between the tension of opposed movements. If by away the force gravitative it’s one condition, by another way, they dislocated in the will and in the search of an absence imperceptible. A need of auto-exteriorization that propagate in the moving that describe them.
Since the quality incorporeal from Brancusi to the ontology platonic, or dematerialization from Giacometti to the mythology legate by the classical ceramic and the conversion of the divine sensuality of the “Vitória of Samotrácia” with an angelical naturalness, everything is configured in the sculpture of Pedro Figueiredo. Nevertheless, that proximity with the figures that populate the universe of the classical ceramic, the dark figures, don´t communicate the character narrative. The sculpture of Pedro Figueiredo neither tell a story nor define persons, it finds before, its poetical extension from the isolated figuration, what suggest a contextualization. A place that concern we find, situated in the latitude of transcendence, where mute neighs propagate, vertiginous plunges happen, and being barefooted walking undressed of light. I wish ardently for “hands that create greatness”.
João Currais, Lisbon, 2008
UM OUTRO LUGAR
Entre ecos de outras criações, forma geradora de forma, a ressonância da tradição, vibra com mais intensidade na essência das obras que ousam o inédito. Do ponto de vista histórico, o acto criativo, exige de si próprio, um compromisso transitivo, que não sendo necessariamente evidente é profundamente evocativo.Toda a obra de arte se relaciona com a criação que lhe antecede, da mesma maneira que se repercute, na produção sucessora. Quer seja por afinidade, ou inversamente, surja por um princípio de rotura. No diálogo que estabelecemos com a obra, quer na sua criação, bem como na sua experiência enquanto objecto disponível à interpretação (o conhecimento sensível das coisas), prevalece um questionamento recíproco, entre objecto e sujeito; este, projecta a constante revitalização de ambos.
A repercussão desta dimensão estética da experiência, tem uma amplitude emergente, onde nós, sob o movimento dialéctico implícito, desenvolvemos a capacidade de alcançar e renascer para lá do domínio tangível (um sentido elevado do real). O desconhecido, que se descobre, ou que se revela, torna-se acessível por via desta nova possibilidade que a obra nos abre. É um vazio expectante de ser preenchido, e que por isso, incorpora o acto de procura e a consequente sensação de encontro. Paradoxalmente, equivale a uma estranha familiaridade que todas as grandes obras contêm no seu efeito de surpresa, de “aparição”, de encantamento. É como se as conhecessemos há muito tempo, nessa abertura que nos é proporcional, e nos submete à experiência vertiginosa da descoberta de um outro, um nós/outro. Essa invisibilidade latente, que no efeito da arte se vislumbra como um desassossego que desperta, nos chama, se afasta e retorna para nos inquietar, é um vai e vem permanente e inesgotável.
A busca desencadeia-se por afastamento, numa longitude mais próxima de nós. Se na escultura de Pedro Figueiredo encontramos uma tendência para a fantasia, para o universo imaginário, ou para a depuração da figura enquanto redução descritiva da forma, cuja articulação interna se estabelece na relação hiperbólica de elementos; é porque a reprodução do real não é a direcção plástica da sua obra. Esta não se orienta pelo princípio de semelhança, descompromete-se em pleno, da atitude mimética ou condição de similitude (objectivo à muito abandonado pela arte). Nem sequer o rigor anatómico prevalece na sua pesquisa formal. Esse conhecimento e domínio técnico é apenas um recurso, e não uma regra ou norma a cumprir. Neste sentido, o cânon, se houver, é o da desproporção justa (a medida distorciva), meticulosamente considerada a partir da organização compositiva, que visa estabelecer concordância entre o respectivo desequilíbrio de massas. Como constante, prevalece uma linearidade perceptível, quase sempre em disposição vertical ascendente, presente, por vezes, numa força atractiva que convoca para si o movimento das peças, incluindo as de teor horizontal.
A acção de feitura, na medida em que é encarada como parte integrante e visível do percurso da obra (o processo de conquista da forma, as decisões estruturais e epidérmicas - como é o caso da modelação incisiva, a manipulação expressiva, a impressão do gesto, o desenho construtivo, a valência matérica, a textura assumida, e a definição suspensa), é um valor plástico evidente, que exposto no registo final das peças, reflecte o diálogo existente entre a escultura e o seu autor, e que nós continuamos. Será de todo, importante mencionar, que Pedro Figueiredo é um escultor telúrico, um modelador que atinge a forma por adição. A sua prática criativa assenta num processo de carácter expansivo. Pensar a partir do vazio, enquanto excesso irreversível que o bloco nos oferece, a subtracção da matéria, ou pensar o vazio como possibilidade flexível (somativa), condiciona em absoluto, a orientação pendular da acção criativa. [Encontrar a palavra justa, por via da sua imagem (significado / significante), ou encontrá-la a partir do som que a compõe (efeito fonético), distingue em larga medida, a sua causa e finalidade poética.]
Talvez, por isso, a desmaterialização física da escultura de Pedro Figueiredo domine a vontade imanente das suas obras. Sendo ela constituída como resultado de uma força de aglomeração matérica, essa noção empírica recai sobre a sua propensão estética. As suas esculturas vivem na impossibilidade de um espaço, sem consciência exacta umas das outras. Estão isoladas na sua peculiar existência, observando-se, por vezes, como sombras que são, para em simultâneo, manifestarem uma tensão inerente. Contêm, nesse estado, um comportamento emulativo, confinado à contemplação de
uma distância que lhes pertence. É possível detectar nelas, o conflito próprio em que se encontram, um desdobramento interno que as coloca entre a tensão de movimentos opostos. Se por um lado a força gravítica é uma condição, por outro, elas deslocam-se na vontade e na procura de uma ausência imperceptível. Uma necessidade de auto-exteriorização que se propaga no movimento que as descreve.
Desde a qualidade incorpórea de Brancusi à ontologia platónica, ou da desmaterialização de Giacometti à mitologia legada pela cerâmica clássica, bem como a
conversão da divina sensualidade da “Vitória de Samotrácia” em naturalidade angélica, tudo se configura na escultura de Pedro Figueiredo. No entanto, essa proximidade com as figuras que povoam o universo da cerâmica clássica, as figuras negras, não comunga o carácter narrativo. A escultura de Pedro Figueiredo não conta uma história nem define personagens, encontra antes, a sua extensão poética a partir da figuração isolada, da qual sugere uma contextualização. Um lugar que cabe a nós encontrar, situado na latitude de transcendência, onde rinchos mudos se propagam, mergulhos vertiginosos acontecem, e seres descalços caminham despidos de luz. Anseio por “mãos que fabriquem grandeza”.